Matemática para Autista: o Material Dourado para crianças com TEA

Ensinar Matemática para Autista, em um primeiro momento, pode parecer algo desafiador. No entanto, existem propostas que auxiliam -e muito- no aprendizado de crianças com TEA. Uma delas é o Material Dourado que, embora atenda a todos os alunos, costuma ter uma abordagem mais eficiente para os que estão dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Isso porque, com o auxílio das peças douradas, os alunos autistas conseguem ter acesso a outras formas de interação, além da linguagem verbal. Em outras palavras, muito mais que ouvir o professor explicar a matéria, com esse recurso, as crianças aprendem matemática de forma dinâmica e palpável.

Além disso, ao usar Material Dourado no ensino da Matemática para Autista, os professores exploram melhor as áreas de interesse da criança com TEA. Ou seja, identificam o seu hiperfoco (gosto por determinada dinâmica ou cor específica, por exemplo) e seus talentos.

Para saber mais como ensinar Matemática para Autista usando o Material Dourado, continue a leitura deste conteúdo.

Um pouco sobre o Material Dourado

Antes de nos aprofundarmos no tema da Matemática para Autista, é fundamental falarmos um pouco sobre o Material Dourado. Afinal, ele é o recurso que auxilia em uma aprendizagem aritmética mais dinâmica e proveitosa para as crianças com TEA. Então, vamos lá!

O Material Dourado é uma ferramenta pedagógica, criada por Maria Montessori (1870-1952). As peças foram desenvolvidas para o aprendizado da matemática por intermédio dos princípios montessorianos. Ou seja, os quais permitem que o indivíduo desenvolva seu potencial criativo e perceba seus próprios erros.

Embora seja comum encontrar o Material Dourado confeccionado em madeira, plástico ou EVA, ele também pode ser feito pelos alunos. Nestas versões, normalmente, se usa papel, EVA, isopor e até mesmo botões e miçangas.

No que diz respeito às representações, temos:

  • unidades: referenciadas pelos cubinhos;
  • dezenas: referenciadas pelas barras;
  • centenas: referenciadas pelas placas;
  • milhar: referenciado pelos cubos sobrepostos, que formam o “cubão”.

Assim, o objetivo do Material Dourado é auxiliar os alunos na associação dos valores numéricos e suas quantidades. Inclusive, o recurso também é um grande estímulo para a criatividade e imaginação das crianças.

6 Estratégias para Ensinar Matemática para Autista com o Material Dourado

Agora que destacamos o que é e para que serve o Material Dourado, é o momento de você conhecer 6 estratégias para ensinar Matemática para Autista com ele. Acompanhe!

1. Dê preferência por atividades concretas

Uma das características das crianças com espectro autista é a dificuldade de se concentrar, especialmente em atividades pelas quais não se interessam. Neste contexto, é importante evitar os exercícios no papel, embora o Material Dourado permita essa prática.

As atividades com copinhos, barbantes, botões e palitos tendem a ser mais atrativas para os alunos com TEA. Assim, se a dinâmica em questão for para ensinar subtração, por exemplo, considere usar um recipiente para que a criança retire as peças. O resultado não precisa ser colocado na lousa ou no caderno, basta visualizar o que sobrou no potinho.

2. Invista nos exemplos do cotidiano

Problemas matemáticos com enunciados longos ou complexos não são indicados para as crianças com TEA e podem acabar frustrando-as. Em razão disso, apostar em exemplos do cotidiano tende a ser uma alternativa muito mais viável.

Neste cenário, o ideal é usar o nome do aluno, o local onde ele mora e seus principais gostos, especialmente o hiperfoco. Assim, se o problema sugerido diz: “Joana comprou 12 ovos e quebrou 5, com quantos ovos ela ficou?” Ele deve ser substituído pelo nome do aluno e sua comida ou brinquedo favorito, por exemplo.

O Material Dourado pode – e deve – ser usado para chegar a solução do probleminha. Para isso, basta usar 12 cubinhos e retirar 5 para ter o resultado.

3. Conte com a tecnologia

Assim como as atividades concretas são essenciais no ensino da Matemática para Autista, a tecnologia também tende a ser uma grande aliada. Em outras palavras, contar com sites que possuem exercícios com as peças douradas é fundamental.

Acessar páginas com dinâmicas com o Material Dourado Virtual é uma excelente alternativa de como trabalhar de forma não verbal. Além disso, a tecnologia pode potencializar as intervenções, garantindo maiores oportunidades de interação e aprendizagem.

Leia também: Como usar o material dourado virtual?

4. Aposte nos jogos

Os jogos com Material Dourado não podiam ficar de fora das estratégias de ensino da Matemática para Autista. Muito mais que ensinar a disciplina, as dinâmicas ajudam na socialização das crianças com TEA.

Se for possível, a dica é investir em jogos de equipe para que o autista desenvolva as habilidades de cooperação e, inclusive, se sinta mais acolhido. No entanto, é necessário ter paciência, dedicação e saber respeitar a hipersensibilidade ou hipossensibilidade sensorial que algumas crianças com o Transtorno do Espectro Autista possuem.

5. Use o Material Dourado em doses homeopáticas

Embora as peças douradas sejam excelentes para o ensino da Matemática para Autista, elas devem ser usadas em doses homeopáticas. Isso significa ser necessário ter atenção para que o aluno não enjoe do material.

Assim, o ideal é apresentar o Material Dourado aos poucos e em situações diferentes. Por exemplo: se a atividade é adição e subtração, não tente inserir a multiplicação e a divisão no mesmo contexto.

Inclusive, antes de entrar com a multiplicação e a divisão, é preciso saber se o aluno já está familiarizado com as quantidades e sabe identificar bem os números. Do contrário, as tentativas não trarão os resultados esperados.

6. Evite as frustrações

Uma coisa muito importante – talvez a mais dentre todas as outras – é evitar as frustrações. Isso porque, algumas crianças com TEA podem reagir mal a elas, provocando crises e desistências das atividades.

Deste modo, é melhor deixar passar os erros e continuar os desafios para que o aluno não se desconcentre e se sinta desapontado. Contudo, todas as falhas devem ser apontadas ao fim das atividades, afinal, em todo o processo de ensino-aprendizagem se aprende com os desacertos.

É claro que, se o aluno avançou e conseguiu cumprir com a proposta da atividade, você pode encerrá-la e evitar um desgaste emocional desnecessário. Entretanto, no caso de crises, é essencial respeitar o momento da criança e dar a ela o tempo necessário para a recuperação.

O Material Dourado é um aliado no ensino da Matemática para Autista!

Podemos concluir que o Material Dourado é um aliado no ensino da Matemática para Autista. No entanto, conforme destacado diversas vezes, algumas estratégias são fundamentais para que o trabalho com as peças douradas alcance bons resultados.

Uma coisa a qual não podemos deixar de lado é que tanto os alunos que têm autismo, quanto os que não tem possuem características diferentes. Em outras palavras, não tem como bater o martelo quando o assunto são as particularidades.

Isso significa que, determinada atividade para uma criança com TEA pode ser excelente, enquanto para outra pode ser desgastante e sem retorno. O mesmo ocorre com todos os alunos de uma sala de aula. Um grupo tem facilidade e gosto por uma dinâmica e outro grupo não tem.

Dito isto, é fundamental ter em mente que as estratégias em alguns casos podem não surtir efeito e está tudo bem. Tentar novamente é sempre uma boa sugestão, bem como adaptá-las também. No fim, o que importa é encontrar a abordagem ideal para cada criança, uma vez que todo aluno é único e merece ser reconhecido por isso.

Para encerrarmos, é válido destacar que mesmo com as sugestões acima, a ajuda de um profissional não deve ser ignorada. Melhor dizendo, o acompanhamento com o psicopedagogo e fonoaudiólogo são de suma importância para que a criança com TEA absorva melhor todo conteúdo ensinado.

Boa aula e até a próxima!

 

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